Este documento foi publicado originalmente em sete partes, entre dezembro de 1988 e janeiro de 1989, no Bulletin, jornal da Workers League, a predecessora do Partido Socialista pela Igualdade (EUA) e então seção americana do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI).
No presente formato, ele foi publicado em 1989 na revista Fourth International Vol. 16 Nº 1-2, publicação internacional do CIQI.
Conclusão: a Argentina e a Quarta Internacional
Foi por necessidade que demos grande atenção ao histórico do morenismo. Essa tendência centrista de direita fundada pelo falecido Nahuel Moreno há muito se disfarça de revolucionária e até mesmo trotskista para melhor trair a classe trabalhadora argentina.
Através de sua servil adaptação ao peronismo e ao castrismo, e sua defesa do Estado capitalista sob o disfarce da "institucionalização" democrática burguesa, o movimento morenista desempenhou um papel central no desarmamento político da classe trabalhadora antes do golpe de 1976.
Além disso, ao apoiar a transição orquestrada pelo imperialismo da junta para o governo civil como uma "revolução democrática" e através de sua subsequente aliança de frente popular com o stalinismo e o nacionalismo pequeno-burguês, os morenistas de hoje auxiliaram diretamente a sustentar a ordem capitalista.
Nenhum movimento trotskista genuíno pode ser construído na Argentina sem uma luta implacável contra o morenismo e uma ruptura decisiva com o nacionalismo pequeno-burguês e o oportunismo que ele encarna.
Não foi por acaso que os renegados do Workers Revolutionary Party (WRP) britânico gravitaram para essa tendência após sua cisão com o Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI), em 1985-86.
Essa ruptura organizativa representou o fim da prolongada degeneração nacional-oportunista do WRP. Expressando uma contradição de classe irreconciliável dentro do CIQI, essa ruptura foi em essência uma rebelião bem sucedida da maioria das seções, baseadas num programa internacionalista proletário, contra a dominação do círculo nacionalista e oportunista pequeno-burguês que dominava a direção do WRP.
Dentro do CIQI, a direção inglesa havia conquistado sua autoridade em virtude de sua luta contra o revisionismo pablista nos anos 1960. A partir dessa luta contra o oportunismo e o centrismo, o CI atraiu forças como a Workers League nos Estados Unidos e a Revolutionary Communist League (RCL) no Sri Lanka. À medida que o WRP começou sua própria degeneração oportunista, enfrentou cada vez mais a oposição direta e consciente dessas forças, que se basearam em toda a herança de luta do CIQI contra o oportunismo pequeno-burguês.
A luta dentro do CIQI centrou-se no crescente repúdio da direção britânica à perspectiva essencial da revolução permanente e em sua adaptação ao stalinismo e ao nacionalismo burguês, as mesmas questões que estiveram no centro da luta contra o pablismo nos anos 1950 e 1960.
Já em 1971, a RCL do Sri Lanka havia se oposto ao apoio oportunista da direção britânica à burguesia indiana em sua invasão contrarrevolucionária de Bangladesh e tentou, sem sucesso, levantar uma discussão sobre toda a linha internacional do CIQI.
Mais tarde, entre 1982 e 1984, a Workers League fez uma crítica profunda do abandono sistemático do WRP das conquistas obtidas na luta contra o pablismo, do seu apoio a vários regimes e movimentos nacionalistas burgueses e da sua adaptação ao stalinismo e à burocracia trabalhista e sindical na própria Grã-Bretanha. A luta interna no CIQI representou, assim, uma renovação da luta de 35 anos contra o revisionismo pablista para expulsar os oportunistas e centristas das fileiras da Quarta Internacional.
Com base nessas lutas, as linhas do rompimento, que começou em outubro de 1985, foram traçadas com clareza. Separaram uma tendência internacionalista proletária, que incluía a maioria das seções do CIQI, e uma tendência nacionalista pequeno-burguesa, representada sobretudo pelos líderes do WRP, Healy, Banda e Slaughter.
A evolução desses três líderes centrais do WRP confirmou a natureza de classe fundamental do rompimento. Healy se dirigiu a Moscou como convidado da burocracia de Gorbachev, e Banda declarou sua fervorosa admiração por Joseph Stalin. A facção de Slaughter, após aprovar resoluções repudiando todo o legado da luta do CIQI contra o pablismo e rejeitando qualquer subordinação de seu grupo nacional à construção do partido mundial, voltou-se imediatamente aos morenistas.
As exigências políticas que uniram os morenistas e o WRP tinham suas raízes na crise objetiva do capitalismo mundial e, particularmente, na crise da Argentina, uma zona crucial para os interesses imperialistas.
Moreno não teve dúvidas de qual lado apoiar na cisão do CIQI. Ele reconheceu um aliado natural naqueles que se adaptaram ao stalinismo e ao nacionalismo burguês, ao mesmo tempo repudiando o internacionalismo proletário.
Moreno havia rejeitado a luta histórica do Comitê Internacional contra o revisionismo pablista, assim como todos os centristas da América Latina, apesar de não existir outra região do mundo onde essa luta tenha se justificado tão poderosamente – e de forma tão trágica.
Moreno foi um apoiador entusiasmado da reunificação de 1963 orquestrada por Ernest Mandel do Secretariado Unificado pablista e Joseph Hansen do Socialist Workers Party americano. Essa reunificação legitimou as políticas oportunistas e liquidacionistas pequeno-burguesas do pablismo, que se opôs à construção de partidos revolucionários independentes na classe trabalhadora e contribuiu decisivamente para as derrotas em países como o Chile e a Argentina. Todos os alertas do CIQI contra essa reunificação sem princípios seriam confirmados através do sangue derramado nos massacres de trabalhadores latino-americanos.
Apesar de incapaz de fazer uma análise principista dessa experiência histórica estratégica, a tendência nacionalista pequeno-burguesa morenista enxergou uma utilidade nos laços históricos do WRP com a luta contra o pablismo.
Em meados de 1986, quando Slaughter e Moreno iniciaram discussões sobre uma proposta de fusão, o MAS estava profundamente envolvido na Frente do Povo, ou FREPU, uma aliança eleitoral com o Partido Comunista Argentino e várias organizações nacionalistas pequeno-burguesas e peronistas. Sob as condições de uma crise econômica cada vez mais profunda e do desmoronamento do governo de Alfonsín, tal frente popular foi um instrumento vital ao imperialismo para desviar o movimento da classe trabalhadora para canais políticos seguros.
O papel do MAS era fornecer uma cobertura de esquerda para essa frente popular e renovar a imagem dos stalinistas, que haviam colaborado diretamente com a antiga junta militar.
Mas o próprio MAS carecia de autoridade política, tão completamente desacreditada tinha sido sua linha política oportunista no período anterior. Como fora convocado a desempenhar um papel fundamental na criação de uma armadilha de frente popular para a classe trabalhadora, era crucial que obtivesse uma cobertura internacional "trotskista". Não havia melhor candidato para esse trabalho do que o WRP de Slaughter.
Em seu rompimento com o Comitê Internacional, os renegados do WRP haviam explicitamente denunciado a luta contra o pablismo e repudiado o legado do CIQI em geral e, particularmente, a luta contra a reunificação sem princípios de 1963. Mais tarde, encontrando-se nus politicamente, Slaughter e seus aduladores tentaram atribuir a si mesmos novamente o rótulo de "ortodoxos". O resultado foi um "anti-pablismo" esvaziado de todo o conteúdo que poderia ser ameaçador aos próprios pablistas.
Assim, nas relações que travou com o MAS, Slaughter propôs-se a falsificar sistematicamente a história. Essa falsificação consistiu em uma dupla fraude política. Os renegados primeiro forjaram o mito de que representavam a continuidade da luta do CI, com o qual haviam rompido decisivamente na cisão de 1985-86. Segundo, eles tentaram integrar os morenistas a essa falsa tradição anti-pablista.
Essa enganação tinha implicações internacionais intimamente relacionadas às necessidades do imperialismo. Seu objetivo era tanto minar o trotskismo genuíno quanto criar um novo eixo para a colaboração entre o centrismo e stalinismo no desvio da revolução socialista.
Para realizar sua falsificação histórica, Slaughter impôs limites estritos à discussão dentro de sua própria organização. Ele redigiu uma declaração pública no Workers Press do WRP anunciando que não toleraria qualquer crítica aos morenistas. Foi particularmente proibida a discussão sobre o papel de Moreno na reunificação de 1963, suas alianças com Mandel e Hansen e, sobretudo, seu papel na preparação da traição da classe trabalhadora argentina nos anos 1970.
Em seu Terceiro Plenário, realizado em março de 1987, o CIQI emitiu um sério alerta sobre o significado das tentativas do WRP de se unir ao morenismo. Em sua declaração “Não ao Stalinismo e à Frente Popular!” o CIQI declarou: "O propósito não declarado dessa fusão é fornecer uma cobertura para a liquidação do trotskismo na Frente Popular stalinista e, desta forma, criar as condições para a traição da classe trabalhadora na Europa e na América Latina....
"Na Argentina, onde a forte guinada à direita do governo Alfonsín o colocou em conflito aberto com a classe trabalhadora, as lutas revolucionárias estão na ordem do dia. Em tal situação, o Workers Revolutionary Party dar credibilidade política aos morenistas não é meramente irresponsável – é criminoso".
Essa advertência se confirmou em breve. As negociações de unidade transformaram o WRP em cúmplice direto de uma grande traição à classe trabalhadora argentina.
Em abril de 1987, o Partido Comunista stalinista, parceiro eleitoral dos morenistas na coalizão da Frente do Povo, uniu-se ao governo Alfonsín, aos peronistas e à burocracia sindical para capitular à rebelião de oficiais fascistas na Semana Santa. Assinou um documento concedendo a exigência central da rebelião: uma anistia para praticamente todos os assassinos e torturadores militares da antiga junta. Essa vitória inicial dos militares lançou as bases para rebeliões posteriores, que ameaçaram cada vez mais os direitos básicos da classe trabalhadora argentina e ergueram a ameaça direta de um golpe ainda mais sangrento que o de 1976.
Tendo feito breves críticas aos stalinistas por essa traição histórica da classe trabalhadora, os morenistas rapidamente se moveram para reerguer sua aliança eleitoral de frente popular, o que culminou na criação da coalizão Esquerda Unida, através da qual os morenistas estão agora apoiando um candidato presidencial nomeado pelos stalinistas às eleições de 1989.
Slaughter não se opôs a nenhuma das manobras oportunistas dos morenistas. Pelo contrário, ele defendeu sistematicamente sua aliança de frente popular com os stalinistas, tentando representá-la como um aplicação principista da tática da frente única de Trotsky. Na realidade, ele compartilha da política dos morenistas e busca a implementação de um programa semelhante na Grã-Bretanha. Isso foi o que o levou a dar seu auxílio ao desarmamento dos trabalhadores argentinos diante das enormes ameaças contrarrevolucionárias.
Apesar de sua estreita colaboração na traição política da classe trabalhadora argentina, Slaughter e os morenistas foram esbarrando em dificuldades crescentes para consumar sua fusão.
Em fevereiro de 1988, Bill Hunter, que estava mais diretamente envolvido nas conversações com o MAS, saiu do WRP e levou consigo uma dúzia de militantes para se unirem abertamente aos morenistas.
Ao defender sua ruptura com o WRP, Hunter declarou que a questão central diante do congresso do WRP era a necessidade de "proceder com a convicção de que um partido mundial é superior a um partido nacional" e que os membros tinham que escolher "entre o internacionalismo ou o trotskismo nacional que herdamos do antigo WRP".
Apenas dois anos antes, o mesmo Hunter, junto aos demais renegados, havia defendido precisamente a posição oposta em seu rompimento com o CIQI.
Esse rompimento foi preparado com resoluções repudiando especificamente a subordinação do WRP, enquanto seção nacional, ao CIQI como partido mundial. Naquele momento, é claro, era uma questão de subordinação do WRP ao programa revolucionário internacionalista do marxismo, e Hunter votou contra isso com ambas as mãos. Mas, dois anos depois, ele proclamou sua dedicação ao internacionalismo a fim de firmar uma aliança com o morenismo.
Quanto a Slaughter, ele jamais deu uma explicação política para a cisão com Hunter e não fez uma única crítica ao MAS. Até onde o WRP se pronunciou publicamente, a unidade com os morenistas continua em sua agenda.
Tendo assegurado sua "seção" britânica, os morenistas perderam o interesse nas pretensões do WRP de "reorganizar" a Quarta Internacional. No entanto, eles enviaram a Slaughter uma carta amigável expressando sua sincera esperança de que eles "se encontrem novamente nas lutas do movimento de massas". Encerrado esse capítulo, eles retornaram a sua preocupação política central, de ressuscitar sua aliança eleitoral de frente popular com os stalinistas e os nacionalistas pequeno-burgueses.
Essa foi a tarefa central do terceiro congresso do MAS, realizado em maio de 1988. Mas, logo após a convocação do congresso, o MAS passou por uma grande ruptura, perdendo até um quarto de seus membros. À frente dessa ruptura estava Leon Pérez, o delegado morenista que desempenhou o papel principal na tentativa de fusão com o WRP.
Não existiram diferenças de princípios. A facção de Pérez, que adotou o nome Partido de los Trabajadores Socialistas, ou PTS, alegou representar o "morenismo ortodoxo" e afirmou que o restante da direção havia se degenerado após a morte de Moreno – apenas um ano e meio antes! Ecoando as denúncias de Hunter contra o WRP, acusou a direção do MAS de "nacional-trotskismo" e de ser um fracasso na construção de um verdadeiro partido internacional. O PTS, entretanto, não se mostrou interessado em qualquer outra forma de relação internacional.
Em seus documentos e imprensa, o PTS defendeu a política de frente popular morenista, tal como se expressa no "Programa de 23 pontos" da FREPU, a aliança eleitoral com os stalinistas e peronistas de esquerda, ao mesmo tempo em que exigiu a reedição de uma coalizão similar para as próximas eleições.
Esses são os lamentáveis resultados da tentativa do WRP de Slaughter e do MAS morenista de "reorganizar a Quarta Internacional": dois rachas confusos liderados por aqueles mais intimamente envolvidos na tentativa de unificação. Entretanto, essa unificação abortada foi o meio em que trabalharam as forças de classe que hoje se preparam para trair a classe trabalhadora e defender as necessidades do imperialismo.
Esse foi o verdadeiro conteúdo das manobras de unificação do MAS-WRP. Através da exposição desse processo e da intransigente defesa do internacionalismo proletário, o Comitê Internacional infligiu um poderoso golpe a uma conspiração contra a classe trabalhadora argentina, britânica e internacional.
A tarefa colocada à vanguarda revolucionária na Argentina é forjar a independência da classe trabalhadora através de uma ruptura decisiva com o nacionalismo pequeno-burguês, que há muito domina tanto o movimento operário argentino de conjunto, como particularmente as forças que se autodenominam trotskistas.
Acontecimentos recentes demonstram a enorme urgência de resolver a crise da direção revolucionária proletária na Argentina. A aberta subserviência do governo Alfonsín aos militares após a série de rebeliões dos oficiais, combinada à crise econômica insolúvel do país, deixam claro que resta pouco tempo.
Os militares claramente se preparam para outro golpe. Se hesitam, é apenas para dar tempo à frente popular para desarmar politicamente e desmoralizar o proletariado e subordiná-lo completamente à burguesia. Essa é a tarefa designada ao morenismo. Seu servil juramento de lealdade ao Estado capitalista após o massacre de guerrilheiros de esquerda pelo exército em janeiro de 1989 no quartel de La Tablada indica claramente o quão adiantado está esse processo.
O revisionismo não foi uma espécie de bactéria exótica introduzida no corpo saudável do trotskismo argentino. Aqueles como Moreno, que se recusaram a construir partidos baseados nos princípios trotskistas, estavam capitulando a poderosas pressões de classe pequeno-burguesas, que tinham origem no próprio capitalismo argentino. Através de sua adaptação aos humores da pequena burguesia – nacionalismo, guerrilheirismo, peronismo – os morenistas acabaram como um instrumento político de subordinação da classe trabalhadora à burguesia. Tais pressões só podem ser combatidas efetivamente através de um partido mundial.
O peronismo, o partido burguês que ainda domina politicamente o movimento operário argentino, promoveu sempre a ilusão de uma solução nacional independente para a crise da Argentina. O beco sem saída desse reformismo nacional encontrou sua expressão cruel no golpe de 1976. Contudo, de uma forma ou de outra, centristas e revisionistas de todas as espécies se adaptaram a essa ilusão.
A crise argentina está indissoluvelmente ligada à crise do capitalismo mundial. A dívida externa esmagadora de 56 bilhões de dólares é uma manifestação não apenas da opressão do imperialismo sobre a Argentina, mas da crescente falência da economia capitalista global.
Aqueles que, com base na condição da Argentina como nação oprimida, buscam adaptar seu programa ao nacionalismo, partem de uma falta de compreensão fundamental da realidade da atual crise econômica mundial.
A Argentina e a América Latina como um todo não apenas são territórios oprimidos pelo imperialismo americano, como se tornaram um campo de batalha para a feroz competição entre os imperialistas americanos e seus rivais europeus e japoneses. Até mesmo a crise da dívida tornou-se uma questão nesse conflito.
A partir das mudanças tecnológicas na telecomunicação e na informatização, e por meio das operações das grandes multinacionais, o capitalismo atingiu um nível sem precedentes de integração econômica global. Esse processo elevou ao máximo a contradição fundamental entre a economia mundial e sistema obsoleto de Estados-nação capitalista.
Os desenvolvimentos na economia mundial atropelaram os programas nacionais falidos de partidos burgueses como o peronista, assim como de partidos centristas pequeno-burgueses como o MAS.
As tarefas da revolução socialista na Argentina só podem ser enfrentadas a partir do ponto de vista da crise capitalista mundial. Nenhum programa nacional é capaz de orientar uma prática revolucionária no período atual. O teste de fogo para a construção de um genuíno movimento trotskista na Argentina é a luta por uma linha internacionalista na classe trabalhadora.
Por que é que as lutas prolongadas e explosivas que abalaram repetidamente não apenas a Argentina, mas toda a América Latina, se mostraram incapazes de derrubar o capitalismo? Por que é que as mesmas políticas catastróficas são repetidas incontáveis vezes? Porque a classe trabalhadora é dominada politicamente pelo nacionalismo e o oportunismo pequeno-burguês.
Uma marca característica dos nacionalistas pequeno-burgueses que dirigem movimentos revisionistas na Argentina é que eles não buscam desenvolver uma perspectiva internacional ou tirar lições das experiências da classe trabalhadora internacional, e especialmente do proletariado dos países avançados imperialistas. É impossível encontrar artigos que elaborem uma perspectiva para o proletariado norte-americano ou europeu, ou mesmo sobre praticamente qualquer evento internacional. Seu estreito provincianismo desempenha um papel crucial na adaptação dessas organizações à política da burguesia nacional.
Uma organização baseada em tal perspectiva nacionalista é marcada por um ceticismo profundo a respeito do potencial revolucionário da classe trabalhadora, particularmente nos países capitalistas avançados. É incapaz de compreender o proletariado como uma classe revolucionária internacional, enxergando apenas as lutas de várias classes trabalhadoras nacionais, que surgem a partir de condições nacionais peculiares. Ela é, portanto, inevitavelmente atraída por atalhos oportunistas envolvendo outras forças de classe no "caminho nacional" para o socialismo.
Essas organizações tendem a ver o internacionalismo apenas do ponto de vista da solidariedade entre diferentes organizações nacionais. Mas não se trata de modo algum disso. Ao contrário, é a subordinação das táticas e práticas nacionais ao desenvolvimento de uma perspectiva internacional e à tarefa estratégica de construção do partido mundial da revolução socialista. Esse partido mundial é necessário porque a derrubada do capitalismo só pode ser realizada através da luta conscientemente integrada e unificada do proletariado internacional.
Aqueles que se opõe às traições contrarrevolucionárias do morenismo devem forjar suas ligações com a luta internacional do trotskismo contra o revisionismo.
O Comitê Internacional da Quarta Internacional fez grandes progressos no esclarecimento sobre a luta de 35 anos contra o pablismo no seio do movimento trotskista. Demonstramos que o revisionismo pablista não foi simplesmente uma rejeição da caracterização trotskista do stalinismo como contrarrevolucionário, ou uma rejeição da revolução permanente em favor do liquidacionismo no nacionalismo burguês. O que ele de fato propôs foi a fragmentação da Quarta Internacional em uma coleção de partidos nacionais, cada qual à procura de suas próprias táticas oportunistas para melhor se adaptar a quaisquer forças políticas que dominem seu meio político nacional.
A partir de sua luta contra a degeneração do WRP, o CIQI demonstrou a conexão necessária entre a evolução da crise global do capitalismo e a necessidade objetiva da construção de um verdadeiro partido mundial da revolução socialista.
A ruptura no CIQI foi a expressão consciente da profunda contradição entre o proletariado mundial e as políticas nacionais chauvinistas falidas que lhes foram impostas por agências pequeno-burguesas nos mais diversos países. Além disso, a expulsão do grupo nacional-oportunista da direção do CIQI serviu para quebrar as barreiras nacionais entre suas seções.
Hoje, o Comitê Internacional é a única tendência cujas seções na Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia lutam como segmentos de um partido internacional unificado através de uma linha estratégica internacional, da qual derivam táticas específicas para cada país.
As lições da luta histórica do Comitê Internacional da Quarta Internacional contra o pablismo estão à disposição de todos aqueles preparados para combater a influência perniciosa do revisionismo e defender os interesses da classe trabalhadora internacional nos países em que militam.
Muito está em jogo para o proletariado mundial na luta na Argentina, e o tempo é curto. Mas não há dúvidas de que a luta indomável da classe trabalhadora argentina produzirá a vontade política de construir um partido baseado no internacionalismo revolucionário e na assimilação das lições estratégicas vitais do passado. Estamos confiantes de que forças se apresentarão para conduzir a luta pela construção de uma seção do Comitê Internacional da Quarta Internacional e combater por um programa digno do proletariado argentino.
Parte sete | Concluído